quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Adeus Chicão!

Conheci o Chicão quando cheguei em Santiago há 25 anos atrás. Nós tínhamos em comum o amor, o apego e sede pelo esporte. Logo nos identificamos e passamos a trabalhar juntos. Primeiro criamos o Conselho Municipal de Esportes, promovemos diversas competições locais; depois criamos o Torneio Regional dos Campeões, que redundou na atual Copa “A Razão”.
Depois labutamos juntos no Cruzeiro e pelejamos lado a lado nas primeiras edições do Torneio Internacional de Futebol Juvenil “Romeu Goulart Jaques”, quando presidente do estrelado era o Jecão. Tínhamos muita afinidade no trabalho que realizávamos e tínhamos ótimo relacionamento, mas por vezes, tínhamos, também as nossas rusgas. Eu não gostava, por exemplo, quando ele queria fazer algumas coisas de maneira apressada “nas coxas”, sem planejamento, sem vislumbrar todos os caminhos que precisavam ser percorridos. Lembro que ele não era adepto da idéia da criação da Junta de Justiça Desportiva e outras iniciativas que eu entendia, eram necessárias para ordenar o andamento das coisas no nosso futebol.
Trabalhamos juntos por bastante tempo. Por vezes saímos com seu “Corcel verde”, herança do “Seu Marcelo”, carregando material para pintar os campos de futebol. E punha a mão na massa. Uma vez, sem que eu soubesse, ele pintou sozinho o campo da Cia Com. Uma vez nos desentendemos porque ele fez uma ata de uma reunião do CMD “na perna”. Depois nos desentendemos feio por causa de assuntos do Cruzeiro e daí nos separamos das lides esportivas e este foi um fator preponderante para que eu resolvesse ir embora de Santiago. Achava que não tinha mais o que fazer aqui. Nossa amizade, porém, ficou sempre acima dessas questões. A distância eu acompanhava com carinho a sua trajetória e até ria muito quando lembrava de que ele rira de mim quando eu disse, certa vez, numa reunião do Cruzeiro, que ele teria que ser político. Nunca esqueço. Ele disse: “O que isso baixinho, isso não é coisa para mim!”
Felizmente, por seus méritos, ele se fez político. Abriu mão até de sua profissão. Teve desgastes pessoais, mas superou tudo e venceu.
Hoje, depois do seu passamento, aqui a distância, pois estou em Campinas-SP, estou me esforçando muito para escrever estas linhas sobre o Chicão. Estou chocado, não querendo acreditar no que lí no blog do Júlio Prates. Aliás, quando a Mirian me ligou e indagou se eu sabia o que estava acontecendo em Santiago, logo me veio a mente a figura do Chicão, mas eu jamais poderia imaginar que a notícia poderia ser trágica. Mas infelizmente a vida é assim. Entendo, como escreveu o Prates,que: “Foi-se o homem e ficou o Mito.”
Deslizes
A letra e a musica são do Fagner. Nós viajávamos de Porto Alegre para Santiago, depois de realizar a defesa do Badico no STJD da FGF. O maluco tinha agredido o árbitro no jogo contra Santananense e iria pegar um ano de suspensão. Seria uma caos para ele e para o Cruzeiro, que dependia de seus gols. O Chicão já estava querendo encerrar a carreira, pois o joelho estava aguentando a base de infiltrações. Acordamos que ele deveria realmente parar de jogar e ajudar a salvar o Badico. Prontamente ele acedeu a idéia e assumiu a culpa perante o tribunal, levando seis meses de suspensão. O Badico livrou-se daquela e acabou sendo o goleador da segundona e logo vendido pelo Jecão para o Internacional.
Mas voltando a questão da música do cearense, o Chicão dormia no banco do carona, eu dirigia e a Eloiza vinha no banco de trás. Quando tocou essa música no rádio ela me falou: “Essa música tem muito a ver comigo e com o Chicão”. Não precisou dizer mais nada.
O Mito
“Rei morto, Rei Posto”. Não adianta, assim é a vida. É claro que o seu partido (PP) sofreu um nocaute inesperado e agora vai ter que partir para outra luta. Como na política as coisas são muito dinâmicas, a procura do substituto tem que ser imediata. No meu parco entender, já que nunca atentei muito para a política, Julio Ruivo deve ser o nome, mas até lá muita coisa vai acontecer. Vem aí, primeiro a busca da reeleição para prefeito, depois, sim uma cadeira na AL.
Mas eu já tenho uma visão mais futurística. Vi a foto da família em torno do caixão do Chicão e me chamou a atenção a imagem sofrida do Rodrigo. Não sou adivinha e nem tenho a pretensão de querer prever as coisas, mas me roncou nas tripas que, lá, num futuro mais distante, o Rodrigo possa vir a suceder o pai.
O Anjo Protetor
Não são só o cinto de segurança e as cadeirinhas que protegem as crianças, quando acontecem os acidentes. Só estas coisas matérias não resolveriam. Tem sempre um “Anjo da Guarda” de plantão. No caso do Marcelinho o seu “Anjo da Guarda” estava bem atento.
Pela devoção, pelo amor e apego que o Chicão tinha pelo menino, que para ele, representava a figura do “Seu Marcelo Gorski”, o agradecimento ao “Anjo Protetor” deve ser imenso.
Hoje, ao dar Adeus ao Chicão, confesso de público o meu sentimento de amizade que nutria pelo “Gringo”. Nossos desentendimentos sempre foram funcionais, pois sempre mantivemos muito respeito e admiração, um pelo outro.
O que acabo de escrever, o fiz de coração aberto. Se alguém não entender, pelo menos saberá que eu não mudei e não vou mudar. Jamais a hipocrisia fará parte de minha vida.
O dia em que o filho fez o pai dormir

Dorme paizinho


Foi durante a festa da imprensa, na 23ª Copa Santiago. Cansado, Chicão não aguentou e ao embalo das canções de ninar do Marcelinho, acabou dormindo.

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Cubro todo o esporte amador, mas este Blog surgiu da necessidade de se ter um maior espaço para a divulgação da atividade no Vale do Jaguari. Como a coisa tomou vulto enveredei para a cobertura da Copa Sub 17 FGF. Tudo graças a bela campanha do Cruzeiro Esporte Clube. Daí para outros temas do amador foi um passo............